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NOSODIOTERAPIA

Raízes Históricas

A Nosodioterapia teve seus primeiros relatos em meados de 1820, com o médico veterinário alemão Wilhelm Lux, frequentador da Sociedade Homeopata em Leipzig juntamente com Hahnemann. Produziu um medicamento através da utilização de material biológico, após tomar conhecimento da homeopatia. Resolveu tratar de animais atingidos por mormo e carbúnculo, respectivamente com mucosa nasal e sangue dos animais afetados pela doença, com uma potência dinamizada em 30CH, através da técnica Hahnemanniana. Lux pode ser considerado o pioneiro da isopatia tendo criado nosódios de relevância como variolinun e antracinun amplamente utilizados nos dias de hoje.

O primeiro nosódio explorado cientificamente entretanto surgiu por volta de 1834, a partir da diluição de uma serosidade de vesícula de sarna e batizado de Psoricun por Constantin Hering. Anos depois este medicamento teve seu nome substituído por Psorinum sendo então realizada a primeira patogenesia com um nosódio de acordo com as técnicas preconizadas por Hahnemann. A isopatia foi  se desenvolvendo lentamente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura: CONSTANTIN HERING

Ainda nas primeiras décadas do século XVIX, Jahrr Staff, discípulo direto de Hahnemann, começou a utilizar diluições de secreções patológicas dos seus doentes neles mesmos, iniciando a auto-isoterapia, sendo o medicamento produzido chamado de auto-nosódio.

Em  1910 surgiu a primeira matéria médica escrita por Allen e denominado "matéria médica dos nosódios". A publicação foi considerada a mais importante do tema na época.

O grande médico homeopata francês Leon Vannier sai em defesa da isoterapia preconizando seu uso e começa a desenvolver estudos sobre a isopatia sanguínea. No Brasil, Licínio Cardoso dá sequência aos estudos de Vannier e desenvolve a auto-hemoterapia por via intramuscular  e endovenosa.

Edward Bach, no entanto, difundiu os nosódios para o mundo. Médico cirurgião, passou a ser conhecido pelas suas descobertas no campo da bacteriologia. Trabalhou em tempo exclusivo para University College Hospital, e depois como bacteriologista para o London Homeopathic Hospital. Foi nesta situação que conheceu a Doutrina de Hahnemann e seu livro básico: "O Organon da Arte de Curar", escrito mais de cem anos antes de seu tempo. Descobriu a terapêutica de Hahnemann que curava guiado mais pelos sintomas mentais do que pelos físicos.

Bach isolou as bactérias intestinais e demonstrou que a origem das doenças humanas estão no intestino e as causadoras são as bactérias que lá vivem. A medicina ayurvédica tem uma teoria semelhante.

Em 1926, publica com C. E. Wheeler, o "Cronic Disease. A Working Hypothesis". Nesta época, os nosódios intestinais, já conhecidos como Nosódios de Bach, eram utilizados na Grã-Bretanha e também em outros países.

Bach começou então a tentar substituir os nosódios por medicamentos preparados com plantas, e foi a esta altura que utilizou pelo sistema homeopático de diluição e potencialização, duas flores que trouxe de Gales. Logo parte de Londres e deixa sua atividade, seu consultório e os laboratórios para buscar na natureza esse sistema de cura que idealizara desde pequeno. Aos 44 anos partiu para Gales. Saiba mais em Florais de Bach.

Existem controvérsias dentro do meio homeopático quanto a utilização dos nosódios. Alguns acreditam que, em sendo dado um medicamento adequado para o caso da doença do indivíduo, seu próprio corpo encarrega-se de eliminar os sintomas. Outros acreditam que as toxinas bacterianas e/ou as próprias bactérias acrescentam sintomas a doença psicossomática de fundo, esta sendo a busca principal do homeopata. E que assim o nosódio mobiliza a enfermidade latente ou suprimida quando bem indicada.

Teria por função curar a infecção separadamente da totalidade do organismo, "limpando" os sintomas agregados pelas bactérias, restando uma sintomatologia pura para a pesquisa do medicamento de fundo.

Sempre se discutiu se os bioterápicos (nosódios) são medicamentos homeopáticos, pois ao contrário dos medicamentos homeopáticos, com exceção de Luesinum, Medorrhinum, Psorinum e Tuberculinum, os demais não possuem experimentação no homem são, um dos pilares da homeopatia, mas apenas patogenesia clínica. Os franceses os consideram homeopáticos, pois possuem uma lei de analogia como a Homeopatia e são também diluídos e dinamizados, dependem de uma reação própria do organismo ao qual são administrados e são eficazes sem serem tóxicos.

Outra questão importante é que os nosódios podem ter uma ação eficiente como vacina. A ideia da utilização de nosódios como vacina vem de longa data. Os primeiros estudos da natureza imunológica dos nosódios disponíveis na literatura são da década de trinta. São os trabalhos de Paul Chavanon com a Ultra Diluição do bacilo de Klebs-Loeffler e sua utilização para controle da difteria.

Roberto Costa em 1974 propõe a produção de um nosódio imunoprofilático para prevenção de alergias respiratórias desencadeadas pela poluição de ar.

Em 1980, Roberto Costa afirma, baseado em fundamentação teórica e prática, que vírus, riquétsias, bactérias, protozoários, espiroquetídios, helmintos, ácaros, larva migrans etc..., homeopaticamente dinamizados até a 30DH, se constituem em agentes profiláticos e curativos das infecções e infestações correspondentes, com a condição básica de serem dinamizados vivos em soro fisiológico. Em 1982, baseadas nas afirmações de Roberto Costa Nasi et vols. propuseram o tratamento de camundongos infectados por trypanossoma cruzi com o nosódio preparado com o referido agente etiológico da Doença de Chagas. Foi observado que os animais tratados apresentaram redução da parasitemia, assim com maior tempo de sobrevivência, em correlação ao grupo controle. Após o tratamento dos animais infectados, o xenodiagnóstico e a hemocultura revelaram resultados negativos.

Ribeiro et cols. investigaram experimentalmente a susceptibilidade de duas cepas de T. cruzi (Y e Bolívia) à ação de quimioterápicos (Nifurimaxe benzonidol) e à ação do bioterápico Trypanossominum (TC D30), preparado de acordo a farmacoténica homeopática a partir da cultura do T. cruzi. Para tal, grupos de camundongos foram artificialmente infectados e após o tratamento foram avaliados a parasitemia e o comportamento dos animais. De acordo com os resultados, os autores observaram que as duas cepas mostraram-se identicamente susceptíveis ao Trypaossominum D30.

Benveniste & Poitevin (1988) demostraram que ultradiluições de anti IgE provocam a degranulação de 40% a 60% de basófilos humanos, sugerindo que o mecanismo de transmissão de informação biológica poderia estar relacionada a organização molecular da água.

Em estudos epidemiológicos em humanos, Poncet (1989) descreveu experimentos na Inglaterra onde English e cols. utilizaram o bacilo da coqueluche, Bordetella pertussis ultradiluída em 30CH para prevenção da coqueluche em crianças até 12 meses, 18 meses e 6 anos em 691 casos documentados. Foi demonstrada uma proteção de 87% das crianças vacinadas. Paralelamente, outros autores apresentaram resultados semelhantes em estudos menores, como Fox em 61 casos e 87% de proteção. Quanto a utilização de nosódios como produtos imunoprofiláticos, as situações que ocorreram em nosso meio foram em epidemias para cujo controle não se dispunham de vacinas de eficácia reconhecida, e nosódios foram preparados a partir do agente patogênico e apresentados como uma medida alternativa de controle da epidemia.

Essa situação ocorreu no Brasil durante a epidemia de meningite meningocócica A e C na década de 70, e mais recentemente com a doença meningocócica do grupo B, em 1991. Um estudo publicado por Galvão e cols. na década de 70, em que usou o meningococcinum A e C em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, sugere resultados interessantes. A mesma experiência aconteceu em Florianópolis/ SC com o uso da vacina contra o meningococo B.

 

COLOMBI, Fernanda F. Os Nosódios Vivos de Roberto Costa podem ser considerados Homeopatia? 1. ed. Tubarão: UEA, 2013. 80p.

FONTES, O. L. Farmácia homeopática: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Manole, 2005. 354p.

LYRIO, Carlos. Nosódios:  Bioterápicos: Repertório. Rio de Janeiro: C Lyrio, 2002. 71p.

LYRIO, Carlos. Quais os fundamentos dos Nosódios vivos? Há comprovação científica? Qual o valor da prova?  In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HOMEOPATIA. 2008. Palestra. Disponível em: . Acesso em 18 fev 2010.

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