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Pilares da Homeopatia

HOMEOPATIA

Pilares

LEI DOS SEMELHANTES

 

Os dois primeiros pilares: Lei dos Semelhantes e Experimentação no Homem são, estão intimamente relacionados. O primeiro (Lei dos Semelhantes) foi enunciado por Hahnemann, a partir das observações que fez ao traduzir os livros de Cullen, onde este descrevia em várias páginas o efeito da Chinchona officinalis (ou Quinina) pelos nativos do Peru para o tratamento da malária. Hahnemann também já tinha observado que o abuso da Quinina na Europa acarretava sintomas muito semelhantes aos que apareciam nos doentes com malária. Resolveu então experimentar a substância em si mesmo. Tomou quatro dracmas (13g) diários de Quinina. Apresentou então durante vários dias um quadro intenso de febre alta, calafrios, tremores, sudorese, etc…, ou seja, um quadro de sintomas muito semelhante ao do doente com malária. Hahnemann concluiu que a ação da Quinina sobre a malária ocorria porque ela produzia sintomas semelhantes em pessoas saudáveis. Formulou então a Lei dos Semelhantes já enunciada antes por Hipócrates (Similia Similibus Curantur): "A substância que desenvolve em sua experimentação sintomas semelhantes à determinada enfermidade é capaz de curá-la". 

EXPERIMENTAÇÃO NO HOMEM SÃO

 

A partir da experimentação da Quinina, Hahnemann decidiu então fazer novas EXPERIMENTAÇÕES. Reuniu um grupo de indivíduos de ambos os sexos, de diferentes idades e diferentes constituições, dotados de boa saúde, isentos de preconceitos e capazes de analisar suas sensações. No parágrafo 107 do Organon Hahnemann afirmou ele que:

 

 

 

 

 

 

 

Hahnemann exigiu dos experimentadores que seus regimes deveriam ser moderados e sem nenhuma mudança brusca, que se abstivessem de utilizar substâncias que pudessem ter ação medicinal e que não se dedicassem a trabalhos fatigantes de corpo e espírito, evitando orgias e paixões desenfreadas. A possibilidade da experimentação de substâncias em animais foi afastada por eles não possuírem o poder da palavra, não poderem relatar sutilezas das alterações de seu humor, nem descrever os diferentes tipos de dores. Além do mais a fisiologia dos animais difere consideravelmente da humana. A experimentação no homem são possibilitou a aplicação prática da Lei dos Semelhantes. Hahnemann procedeu à experimentação de diversos medicamentos, observou e coletou dados, formulou hipóteses e ao verificá-las na aplicação prática da terapêutica, concluiu no parágrafo 27: "Para a obtenção de uma cura rápida, fácil e duradoura deve-se escolher um medicamento que seja capaz de produzir uma doença similar àquela que se quer curar. No parágrafo 19 fala:

 

 

 

 

 

 

“Se com a finalidade de se investigar todos os efeitos patogenéticos dos medicamentos, estes forem administrados, ainda que isoladamente, a pessoas DOENTES, pouco ou nada se verá de sua ação verdadeira, pois as alterações peculiares da saúde devidas ao medicamento estão mescladas com os sintomas da doença, dos quais dificilmente podem se distinguidas”. 

“Como as doenças nada mais são do que alterações do estado de saúde do indivíduo, expressas por sinais mórbidos, e como a cura só é possível pela volta ao estado de saúde, é evidente que os medicamentos jamais poderiam curar caso não possuíssem o poder de alterar a saúde do homem, isto é, suas sensações e funções. Na verdade nessa capacidade de alterar a saúde é que reside o poder curativo do medicamento”.

DOSES INFINITESIMAIS

 

Hahnemann experimentou várias drogas em si mesmo e em seus colaboradores, e como muitas delas possuíam efeitos tóxicos, ele passou a diluir metodicamente as substâncias em estudo: sempre 1 parte da substância em 99 partes de solvente hidro-alcoólico, sucussionando esta mistura com 100 movimentos verticais vigorosos do frasco sobre anteparo duro e flexível. Criou assim a verdadeira farmacotécnica homeopática: a Escala Centesimal Hahnemanniana. Para as substâncias insolúveis recorreu à Trituração. Este processo (diluição/trituração seguido de sucussões) é chamado de dinamização. Hahnemann observou então que, através deste processo de dinamização as drogas perdiam seu poder tóxico, e por outro lado, durante sua experimentação, verificou que eram capazes de provocar sintomas diferentes daqueles que ocorriam quando ingeridas em doses ponderais – cada substância tinha o poder de alterar de uma maneira própria e exclusiva o modo de sentir e atuar do experimentador. Ele percebeu que a dinamização conferia às substâncias, mesmo as inertes, uma ação medicamentosa com poderes dinâmicos latentes até então despercebidos, como se estivessem “adormecidos”. Hahnemann surpreendeu-se ao constatar que as diluições não apenas conservavam mas adquiriam maior potencial curativo. A partir daí re-experimentou as substâncias utilizando-as em doses mínimas, até chegar no que hoje conhecemos como doses infinitesimais, observando então os verdadeiros sintomas patogenéticos individualizadores. Encontrar estes sintomas na prática clínica possibilitou a utilização do medicamento indicado, o que o conduziu a obtenção de uma cura suave, sem agravação e duradoura. Hahnemann descobriu assim o poder dinâmico dos medicamentos e afirmou que para atingirmos e tratarmos a força vital, dinâmica, imaterial, fazemos uso do poder medicamentoso também imaterial, dinâmico das drogas. (§16) Outros cientistas não homeopatas, também constataram a diferença entre efeitos de doses altas e doses baixa de uma mesma substância.Claude Bernard (1813-1878), considerado o pai da medicina experimental, afirmava: “Toda substância  que em pequena dose excita as propriedades ou as funções de um elemento anatômico, em alta dose anula- as”. No início do século 20, os pesquisadores Arndt-Schultz demonstraram a inversão da ação das drogas de acordo com a dose: “Toda excitação provoca numa célula um aumento ou uma diminuição de sua função fisiológica, proporcional à intensidade fraca ou forte da excitação”. Isto é: doses grandes e pequenas atuam de modos exatamente opostos.

 

Exemplo:

 

                                                                                                                                          Ópio

 

                                                                                         Grandes doses de Ópio                          Pequenas doses de Ópio

                                                                                             Depressão do SNC                            Estimula atividade intelectual

                                                                                                Sono comatoso                                 Estimula atividade nervosa

                                                                                         Relaxamento muscular                         Estimula atividade muscular  

MEDICAMENTO ÚNICO

 

Hahnemann teve a grande preocupação de evitar quaisquer dúvidas em relação a qual teria sido a substância ou o medicamento que verdadeiramente atuou no experimentador e/ou no paciente tratado. Por isso preconizou que cada vez que se fosse tratar um doente ou fazer uma experimentação, dever-se-ia utilizar uma única substância medicamentosa por vez: “…é um erro empregar meios compostos quando os simples bastam…. é impossível prever se duas ou mais substâncias medicinais simples, conjugadas, mutuamente alterariam e obstariam as ações umas das outras no organismo humano” . (§ 274)

Quando dizemos Medicamento Único, deve se subentender que a Homeopatia não exclui o uso de compostos químicos, como os sais, ou dos produtos vegetais e animais cuja composição complexa a análise química tem revelado. O importante é que a sua patogenesia seja conhecida como um todo, como uma unidade.

 

 

FERNANDES, Fernanda F. C. A pesquisa frente à comprovação do medicamento homeopático. 2006. 38p. Dissertação (Especialização em Farmácia Magistral Alopática e Homeopática) – Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão, 2006.

FONTES, O. L. Além dos sintomas: superando o paradigma saúde e doença. Piracicaba: UNIMEP, 1995. 86p.

__________. Farmácia homeopática: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Manole, 2005. 354p.

HAHNEMANN, S. Organon da arte de curar. 6. ed. São Paulo: Robe, 1996.

LYRIO, Carlos. Quais os fundamentos dos Nosódios vivos? Há comprovação científica? Qual o valor da prova?  In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HOMEOPATIA. 2008. Palestra. Disponível em: . Acesso em 18 fev 2010.

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